quarta-feira, 25 de julho de 2007
segunda-feira, 23 de julho de 2007
sexta-feira, 20 de julho de 2007
terça-feira, 17 de julho de 2007
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Luiza Neto Jorge (poesia)
Difícil Poema de Amor (excerto)
O teu amor espreita o meu corpo de longe. De longe, por gestos, lhe respondo. Tenho raízes nos vulcões, ternuras íntimas, medos reclusos, beijos nos dentes.
A pobreza surge dentro de nós embora cautelosos deitados de manhã e de tarde ou simplesmente de noite despertos. Ambos, meu amigo, estamos sentados neste momento, perfeitamente incautos já. Contemplamos um país e sentamo-nos e vestimo-nos e comemos e admiramos os monumentos e morremos.
Inventei a nossa morte em toda a impossível extensão das palavras. Aterrorizei-me segundos a fio enquanto, em corpo nu, ouvindo-me adormecias devagar. Com a precaução de quem tem flores fechadas no peito passeei de noite pela casa.
Um fantasma forçou uma porta atrás de mim. Gemendo como um animal estrangulado acordei-te. Enterro o meu terror como um alfange na terra. Porque é preciso ter medo bastante para correr bastante toda a casa, celebrar bastantes missas negras, atravessar bastante todas as ruas com demónios privados nas esquinas.
Só o amor tem uma voz e um gesto, mesmo no rosto da ideia que me impus da morte. És tu tão único como a noite é um astro. Sobre a poeira que te cobre o peito deixo o meu cartão de visita o meu nome profissão morada telefone.
Disse-te: Eis-me.
E decepei-te a cabeça de um só golpe.
Não queria matar-te. Choro. Eis-me! Eis-me!
O teu amor espreita o meu corpo de longe. De longe, por gestos, lhe respondo. Tenho raízes nos vulcões, ternuras íntimas, medos reclusos, beijos nos dentes.
A pobreza surge dentro de nós embora cautelosos deitados de manhã e de tarde ou simplesmente de noite despertos. Ambos, meu amigo, estamos sentados neste momento, perfeitamente incautos já. Contemplamos um país e sentamo-nos e vestimo-nos e comemos e admiramos os monumentos e morremos.
Inventei a nossa morte em toda a impossível extensão das palavras. Aterrorizei-me segundos a fio enquanto, em corpo nu, ouvindo-me adormecias devagar. Com a precaução de quem tem flores fechadas no peito passeei de noite pela casa.
Um fantasma forçou uma porta atrás de mim. Gemendo como um animal estrangulado acordei-te. Enterro o meu terror como um alfange na terra. Porque é preciso ter medo bastante para correr bastante toda a casa, celebrar bastantes missas negras, atravessar bastante todas as ruas com demónios privados nas esquinas.
Só o amor tem uma voz e um gesto, mesmo no rosto da ideia que me impus da morte. És tu tão único como a noite é um astro. Sobre a poeira que te cobre o peito deixo o meu cartão de visita o meu nome profissão morada telefone.
Disse-te: Eis-me.
E decepei-te a cabeça de um só golpe.
Não queria matar-te. Choro. Eis-me! Eis-me!
David Mourão Ferreira (poesia)
Casa
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
domingo, 15 de julho de 2007
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