terça-feira, 20 de julho de 2010

Eugénio de Andrade (poesia)

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.
A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.
A marcar sobre os teus flancos
o itenerário da espuma.
Assim é o amor: mortal e navegável.

sexta-feira, 9 de julho de 2010